Siemens e Ducati renovam parceria e levam a MotoGP ao futuro digital

Ducati e Siemens unem forças por mais dois anos para levar a transformação digital ao limite nas pistas e nas estradas.

A Ducati e a Siemens acabam de renovar uma parceria que já é sinônimo de inovação e vitória. Juntas, as duas gigantes — uma das pistas e outra da engenharia — seguem unindo mundos que parecem distantes, mas compartilham o mesmo DNA: tecnologia, performance e paixão por ultrapassar limites.

A colaboração entre as marcas começou há anos, mas a nova fase promete elevar a relação a outro nível. A Siemens Digital Industries Software renovou seu acordo técnico com a Ducati Corse, a equipe de competição da fabricante italiana, por mais dois anos. A meta é clara: acelerar o desenvolvimento de motos ainda mais rápidas, seguras e sustentáveis, combinando o poder do Siemens Xcelerator com o espírito competitivo da Ducati.

Nos bastidores da MotoGP, a velocidade não está só nas curvas — está também nas telas dos engenheiros. Durante os fins de semana de corrida, os técnicos da Ducati projetam e ajustam componentes em tempo real, a partir da base em Bolonha, usando as ferramentas digitais da Siemens. As peças são então enviadas à pista e produzidas em impressoras 3D, muitas vezes horas antes de uma nova sessão de treino.

No mundo das corridas, cada segundo conta — até no desenvolvimento”, comenta Massimiliano Bertei, diretor de tecnologia da Ducati Motor Holding. “A parceria com a Siemens nos permite criar, testar e ajustar com uma velocidade que seria impensável há alguns anos.”

Essa agilidade é possível graças ao Siemens Xcelerator, uma plataforma digital que conecta softwares, dados e equipes em um mesmo ecossistema colaborativo. Na prática, significa que engenheiros de diferentes áreas — mecânica, elétrica, eletrônica e software — conseguem trabalhar juntos em tempo real, sem os temidos “silos de informação” que antes atrasavam o desenvolvimento.

Ferramentas como o NX™ e o Teamcenter® formam a espinha dorsal desse sistema. Enquanto o primeiro é usado para criar projetos 3D e modelar componentes com altíssimo nível de precisão, o segundo garante que todos os dados — do design ao ERP da Ducati — permaneçam sincronizados e acessíveis a todos.

A Ducati também faz uso intensivo do Simcenter™, que permite simular virtualmente cada comportamento da moto: desde o fluxo de ar que passa pela carenagem até as vibrações do chassi e o aquecimento dos freios. Com isso, a equipe pode prever o desempenho antes mesmo de colocar o protótipo físico na pista.

E quando o protótipo chega, os dados reais coletados nos sensores são comparados com as simulações digitais, gerando um gêmeo digital completo — uma cópia virtual da moto que aprende e evolui a cada volta. É o tipo de tecnologia que transforma a intuição dos pilotos em ciência de ponta.

O resultado? Motos que não apenas vencem, mas ensinam. Cada corrida é uma aula para os engenheiros e para o software, que refina suas previsões para o próximo desafio. É uma combinação de dados, adrenalina e engenharia de precisão que mantém a Ducati no topo do mundo da MotoGP.

E, como se não bastasse dominar as pistas, a marca italiana usa o mesmo sistema para criar as motos de rua que chegam às concessionárias. A fronteira entre o box e a estrada ficou ainda mais tênue — e a Siemens tem tudo a ver com isso.

A engenharia que vence corridas

Por trás de cada aceleração da Ducati na MotoGP, há um exército de engenheiros e algoritmos trabalhando juntos. Não é exagero dizer que, hoje, a Ducati é tão movida por bytes quanto por gasolina.

Graças à parceria com a Siemens, a equipe italiana conseguiu algo que parecia impossível há alguns anos: reduzir drasticamente o tempo entre a ideia e a execução. O ciclo de desenvolvimento, que antes podia levar meses, agora acontece em semanas — e, em alguns casos, em dias.

Durante um fim de semana de corrida, por exemplo, se o time identifica uma falha aerodinâmica, os engenheiros em Bolonha podem projetar uma nova peça no NX™, validar seu desempenho virtualmente no Simcenter™ e enviá-la para impressão 3D ainda durante o evento. Horas depois, ela já está sendo testada na moto real.

É a fusão entre engenharia digital e adrenalina real.

E essa integração não acontece só na simulação. O Teamcenter®, o software de gerenciamento de ciclo de vida do produto (PLM) da Siemens, conecta todas as informações — desde o primeiro esboço até a produção final — em uma base única. Isso garante que ninguém perca tempo com versões desatualizadas ou falhas de comunicação.

Em um esporte onde milésimos de segundo decidem o destino de um campeonato, ter uma ferramenta que elimina erros humanos e acelera decisões é tão importante quanto o próprio motor da moto.

Do box à rua: o poder do gêmeo digital

Um dos aspectos mais fascinantes dessa parceria é o modo como a Ducati consegue transferir conhecimento das pistas para as ruas.

Com o apoio do Siemens Xcelerator, os engenheiros da Ducati Corse compartilham todos os dados das motos de corrida com as equipes que desenvolvem os modelos de rua. Isso significa que cada curva feita por Marc Márquez, cada frenagem brusca e cada vibração registrada pelos sensores no asfalto são estudadas e aplicadas nos modelos vendidos ao público.

Como explica Pietro Mappa, gerente de CAD/PLM da Ducati Motor Holding, “não há mais separação entre as equipes de pista e de rua. Elas trabalham dentro do mesmo ambiente digital, usando as mesmas ferramentas e os mesmos dados. Criamos uma verdadeira ponte tecnológica entre o box e o consumidor.”

Esse fluxo de informações é o que permite que motos como a Panigale V4 ou a Multistrada V4 Pikes Peak recebam tecnologias testadas em alta performance na MotoGP. Suspensões, carenagens, componentes eletrônicos e até softwares de controle de tração são aperfeiçoados com base no que o sistema da Siemens ajuda a descobrir.

É como se cada vitória da Ducati fosse, também, uma vitória para os motociclistas comuns — que passam a pilotar máquinas mais seguras, ágeis e inteligentes.

Simulação que sente o asfalto

A parceria também tem um papel fundamental em algo menos visível, mas igualmente vital: o Simcenter Testlab™, uma ferramenta da Siemens que integra dados reais de testes físicos com simulações virtuais.

Durante uma corrida, centenas de sensores capturam informações sobre temperatura, vibração, torque e resistência. Esses dados são enviados para os servidores da Ducati, onde o Simcenter analisa o comportamento do conjunto completo: motor, chassi, aerodinâmica e até o piloto.

O sistema aprende com cada volta, ajustando variáveis e prevendo cenários para a próxima corrida. Se o vento muda, o software já sabe como a moto vai reagir. Se a temperatura do asfalto sobe, o algoritmo sugere novas configurações de calibragem.

É uma engenharia preditiva, quase intuitiva, que transforma dados em desempenho.

Essa tecnologia foi essencial para o desempenho impressionante da equipe Ducati Lenovo, que em 2025 conquistou seu sexto título consecutivo de construtores na MotoGP e viu Marc Márquez levantar o troféu de campeão de pilotos.

Por trás do capacete e das manetes, há uma sinfonia de software orquestrando cada detalhe.

Fibra de carbono e precisão alemã

Outro destaque da parceria é o uso do Fibersim™, um software da Siemens especializado no design de componentes de fibra de carbono.

A Ducati sempre foi conhecida pelo uso extensivo desse material leve e resistente, essencial para reduzir peso e aumentar o desempenho nas curvas. Mas fabricar peças de fibra de carbono é um processo complexo, que exige precisão milimétrica e conhecimento de como as camadas se comportam sob diferentes pressões.

O Fibersim™ permite que os engenheiros simulem digitalmente a estrutura antes da produção, reduzindo o tempo de desenvolvimento e eliminando desperdícios. O resultado são peças mais leves, resistentes e produzidas com uma eficiência que seria impossível apenas com métodos tradicionais.

Na prática, a Ducati consegue inovar com mais velocidade e menos custo, mantendo sua assinatura estética e seu padrão de qualidade artesanal.

Siemens Xcelerator: a plataforma que conecta tudo

O coração de toda essa revolução é o Siemens Xcelerator, um ecossistema digital que combina software, hardware e serviços. Ele funciona como uma grande central inteligente que integra todas as ferramentas usadas pela Ducati — NX, Teamcenter, Simcenter, Polarion e Fibersim — em um fluxo contínuo.

A palavra-chave aqui é colaboração. O Xcelerator não é apenas um pacote de softwares; é uma filosofia de trabalho que permite que mecânicos, designers, engenheiros e gestores conversem entre si de forma fluida, eliminando barreiras e acelerando decisões.

Segundo Nand Kochhar, vice-presidente de soluções para os mercados automotivo e de transporte da Siemens, “essa parceria mostra como a transformação digital pode fazer uma empresa se destacar não só nas pistas, mas também no mercado global”.

E é exatamente isso que está acontecendo. A Ducati não apenas lidera a MotoGP, mas também se tornou referência mundial em inovação aplicada à engenharia de motos — um exemplo de como o digital twin pode impulsionar a indústria como um todo.

Correndo rumo ao futuro

O futuro da parceria parece tão promissor quanto uma reta em plena largada. A Ducati já confirmou planos de expandir o uso do Siemens Xcelerator para o desenvolvimento de motos elétricas e até modelos híbridos, especialmente dentro da MotoE™, a categoria elétrica da MotoGP.

Até 2026, a marca italiana será a única fornecedora oficial de motocicletas elétricas para o campeonato, e a Siemens deve ser novamente a parceira estratégica por trás desse salto tecnológico.

Juntas, as empresas estão redefinindo o que significa inovação sobre duas rodas. E o mais interessante é que essa evolução acontece de forma invisível para o público — nos servidores, nos dados e nas mentes que transformam zeros e uns em pura emoção sobre o asfalto.

Os bastidores tecnológicos da parceria entre Siemens e Ducati

Por trás das vitórias e troféus, há um mundo fascinante de engenharia digital e colaboração global. A parceria entre Siemens e Ducati não se resume a um contrato técnico — é uma verdadeira simbiose entre tradição e inovação, entre o ronco característico dos motores italianos e o silêncio matemático dos algoritmos alemães.

Tudo começou quando a Ducati percebeu que, para manter o ritmo na MotoGP moderna, seria preciso unir o DNA mecânico ao digital. O desempenho nas pistas já não dependia apenas da potência do motor, mas da capacidade de prever cenários, reagir a dados em tempo real e ajustar o projeto quase instantaneamente.

A Siemens entrou exatamente aí — como uma parceira que trouxe ferramentas, mas também uma nova forma de pensar. “A velocidade não está mais apenas nas motos, está na forma como projetamos e testamos”, disse um dos engenheiros da Ducati Corse durante uma entrevista.

Quando o computador vira um piloto invisível

Um dos aspectos mais intrigantes dessa colaboração é a criação de gêmeos digitais das motos de corrida. Cada modelo é reproduzido virtualmente com todos os detalhes — do comportamento aerodinâmico às respostas do acelerador.

Esses gêmeos digitais são “pilotados” por softwares de simulação, que rodam cenários infinitos enquanto as motos reais estão sendo testadas. Isso permite prever falhas, ajustar componentes e até simular como um piloto específico reagiria a cada curva.

Nos bastidores, a Siemens e a Ducati chegaram a testar mais de 400 configurações diferentes de chassi e suspensão em ambiente virtual antes de escolher a combinação ideal para a temporada de 2025. Essa agilidade seria impossível no mundo físico — e é exatamente o tipo de vantagem competitiva que faz diferença quando os cronômetros estão rodando.

O poder de decidir em segundos

Em um ambiente de alta pressão como a MotoGP, decisões precisam ser tomadas em questão de segundos. O Siemens Xcelerator fornece dashboards com visualizações instantâneas de telemetria, permitindo que engenheiros interpretem dados em tempo real e enviem instruções para a equipe de pista durante o próprio fim de semana de corrida.

Essas informações podem incluir ajustes de mapeamento eletrônico, calibração de suspensão ou até estratégias de combustível. É como se o time tivesse uma central de controle digital comandando a moto à distância — com a precisão de um laboratório e a emoção de uma corrida ao vivo.

E o mais interessante: boa parte dessa estrutura também é usada no desenvolvimento de motos de rua, o que explica por que modelos como a Ducati Streetfighter V4 ou a DesertX Rally herdam tanta tecnologia diretamente das pistas.

Da MotoGP à MotoE: o novo laboratório elétrico

A parceria entre Siemens e Ducati também abriu caminho para um novo desafio: a transição para as motos elétricas de alto desempenho. Desde 2024, a Ducati é a fornecedora exclusiva da FIM Enel MotoE™, a categoria elétrica da MotoGP.

Nesse novo cenário, o papel da Siemens é ainda mais decisivo. As ferramentas do Xcelerator estão sendo usadas para otimizar gestão térmica de baterias, sistemas de energia regenerativa e modelagem aerodinâmica específica para veículos sem combustão.

Os engenheiros chamam esse processo de “a era silenciosa da velocidade”, em referência ao fato de que o som das corridas pode mudar, mas a emoção continua.

Quando a paixão encontra o algoritmo

Por mais tecnológico que o projeto seja, há algo profundamente humano nessa parceria. A Ducati leva sua paixão pela performance a níveis quase artesanais, e a Siemens fornece os instrumentos para que essa paixão se transforme em inovação mensurável.

É uma dança precisa entre instinto e cálculo. O piloto sente a moto. O engenheiro sente o dado. E juntos, transformam a experiência de pilotar em algo que vai muito além da velocidade.

Enquanto a maioria das pessoas vê apenas o brilho das carenagens vermelhas e o rugido dos motores, nos bastidores há engenheiros em frente a telas, códigos rodando em servidores e simulações acontecendo a cada segundo — tudo para garantir que a próxima curva seja feita com ainda mais perfeição.

Se existe um lugar onde o futuro da mobilidade ganha forma, é ali, entre os boxes da Ducati e os laboratórios digitais da Siemens.

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